PUNKER ZERO ZERO

sexta-feira, 19 de maio de 2017

Carpe Lobem, o novo disco do Lomba Raivosa




Três sujeitos estão numa escada rolante. Um deles, está deitados nos degraus, como se tentasse levantar. Outro se pendura nos corrimãos e o terceiro, bom, terceiro só está lá, descendo. Essa é a descrição da capa, linda e meio desfocada, de Carpe Lobem, o novo disco do Lomba Raivosa.

Quatro anos após o Choula, seu último álbum, - se não contarmos o split, Feijoada & Choripan(2014), com os argentinos do Reject - o Lomba(ou seria os Lombas?) volta a lançar material inédito.




Turbilhão de Loucura" e Enrugado abrem o disco com tudo. Punk rock direito e agressivo, e claro, letras cheias de deboche(e algum humor nonsense). Eu Nunca Tô Feliz, apesar de seguir a formula Punk/Hardcore, salienta um outro lado do Lomba - e que alguns podem dizer que afirmo isso pois sou um fã, e pode ser isso mesmo, mas acho que não -, a grande banda que se esconde por baixo das camadas de zoeira. O refrão de Eu Nunca Tô Feliz é pop no melhor sentido da palavra, grudento mesmo. Talvez seja uma marca da escola Ramones de Punk Rock & Bubble Gum. Marionete de Satã acelera as coisas de novo e tira uma onda com o tinhoso. O Sabor do Desespero é sem dúvida uma das melhores canções do Carpe Lobem e a prova definitiva da qualidade, enquanto banda, dos caras. Com ares de Green Day, entre o Dookie e o Nimrod, uma letra um pouco desconfortável, e alguns dirão que  é madura, sobre as mazelas de viver atualmente com um olhar um pouco pessimista. Que Quarto é esse? traz de volta a agressividade e irreverencia ao disco, com certeza você vai se perguntar, que quarto é esse? Eu,Testa chama atenção logo de cara pela intro de violão antes da explosão de guitarra, baixo e bateria, e que melodia amigos. A letra - e aqui vai mais um paragrafo de pura especulação - parece um tipo de desabafo sobre um episódio de transtorno mental, como Depressão ou Ansiedade, que de alguma forma causou esse mal estar consigo mesmo. É claro que essa é minha leitura da canção, e provavelmente, não tem nada a ver com isso. De qualquer forma é um musicão. A oitava faixa, que marca o meio do álbum, fala por si só e chama, A Elite Perfumada, Bem Vestida e Interesseira do Underground, precisa dizer mais alguma coisa? Pega Leve, Você Não Tem Mais 15 Anos, ouve lá. Normal é um Hardcore de questionamento sobre a vida adulta(de novo ela) e o estresse do dia a dia. Para cantar em coro "Não... Sei... Por que... Você acha isso normal". Traste também apela para o lado melódico do Lomba com mais um refrão para se cantar junto. Definhando é um ótimo hardcore, cadenciado, já abre como uma levada de baixo que te engana, pois eu achei que começar o berreiro, grindcore, circle pit e a coisa toda. Não deu XD Caçador de Querubim me fez lembrar a fase do Puta Pegueira... Punk Rock cheio de melodia, o tipo de lovesong que só poderia vir do Lomba Raivosa. Sanidade na Metade é canção que eu achei que Definhando seria. Segura o véio é punk rock com temática ranzinza e mais um refrãozão pra galeria do lomba. Carpe Lobem, faixa que dá nome ao disco também o encerra, numa clima meio Crossover e tirando um sarrinho da banda mais skate de todos os tempos(Ok, a minha piada foi péssima).

Em resumo, Carpe Lobem, é um disco muito bacana. Não se deixe assustar pelo número de faixas, são 16, mas a duração delas é por volta de um minuto e meio, dois minutos. Pode ser que esse seja o álbum mais auto-depreciativo do Lomba(ou seria, os Lombas?), e isso não é lá muito fácil, já que os caras tem um som chamado "Eu Sou um Merda", no mais o trio segue quebrando tudo. Ouçam o disco, colem nos shows.

PARA OUVIR CLIQUE AQUI

PARA ADQUIRIR:

Läjä Records - 
www.laja.com.br 

RedStar Recordings - 
www.redstar77.com

terça-feira, 2 de maio de 2017

De Volta ao Jogo, o disco novo do Cartel





Uma pequena introdução:


Norte Cartel é uma banda de Hardcore Old School, mais simpático as bandas de NYHC, com letras em Português; formada 2006, no Rio de Janeiro, por membro de outras bandas locais - Solstício, La Sombra, e o já conhecido, Confronto. Norte Cartel tem um Split(2007) com a banda Outra Salida(Argentina), e o disco, Fiel à Tradição(2010).


                                     


De volta ao Jogo:

Como era sua vida há 7 anos atrás? Para alguns, 7 anos é tempo de uma graduação numa faculdade, ou tempo de planejamento para uma viagem, ou tempo de namoro antes de partir para o próximo passo, já para os fãs do Norte Cartel, é o intervalo entre o Fiel à Tradição(2010) e De Volta ao Jogo(2017).

E o que mudou no Norte Cartel em 7 anos? A princípio, nada parece ter mudado – se você não viu o vídeo de Agora e Sempre, que tem a participação do Badauí(CPM 22), o qual dá o spoiler de que algumas mudanças vem por aí -, Canção da Guerra II, a intro auto-referente, dá a letra de que o som é pesado. Fiel à Tradição, abre o disco pra valer, é uma pedrada tanto musical e poeticamente, na letra há um tipo de reflexão sobre como encarar mudanças (sobra até para Hardcore e a tal cena). Nas faixas seguintes, Auto-Inimigo e Quando um É por Todos, mantém o ritmo no máximo, salto aos olhos a mensagem de Quando um por Todos, um ode a maternidade e paternidade.
Na já citada, Agora e Sempre, a banda já está mais do que à vontade e começa a mostrar um pouco de suas outras influências, algo de Street Punk/Oi; na faixa seguinte, um momento já esperado pelos fãs, um Rap ao estilo Old School, De Volta ao Jogo, prestem atenção ao beat de instrumentos de sopro. É coisa fina.
Meus Cantos São Seus é outro som que segue essa linha do Street Punk e que carrega uma letra PMA. Já Blocos Negros – o nome já diz tudo, Black Blocs – era o manifesto que faltava sobre o revide das ruas às violências do Estado. De longe minha favorita do disco um Hardcore rápido e direto. “Falsa Vitoria” é umas das faixas mais interessantes do disco, isso é, musicalmente falando, já que é encontro perfeito entre Hardcorecaracterístico da banda e o Street Punk já citado em outras canções, com alguns momentos mais lentos, que os já familiarizados chamariam de breakdown, vocais em coro. E tudo na mesma faixa. De Sul ao Norte e Ainda Aqui fazem uma dobradinha pesada e forte, Ainda Aqui tem mais autocrítica e lembranças das mudanças da Cena.
Camponês, faixa que tem uma letra incrível(Bicho, como é que o Norte Cartel consegue?) e o refrão mais forte do disco.
Na penúltima faixa do disco, uma grande surpresa para os fãs, Como Eu e Você, é mais uma faixa dedicas ao Rap. Onde Wagner Costa Leste, Longo, Futrico e Dudu, dão o recado sobre as mazelas brasileiras. Para fechar o disco com a mais pura porradaria, Não Tente me Mudar.

De Volta ao Jogo pode parecer um disco longo, já que são 14 canções, que se dividem bem entre em quase 40 minutos de duração, onde tudo se encaixa bem. A banda se mostrar confiante e mais pronta do que nunca para tocar novos sons. De Volta ao Jogo nos sacia por enquanto, só espero que o Norte Cartel não demore mais 7 anos para nos dar outro disco.
Para Ouvir: BANDCAMP